Sou muito sensível aos títulos das matérias que leio. Ótimas matérias não são nada sem um título que lhes venda. Pela minha formação publicitária atribuo a essa “peça” quase mais relevância que o próprio conteúdo. Na verdade, pensando bem, em tempos de leitura dinâmica, acho que são mais relevantes.
Foi esse o caso que me fez ler a matéria do professor Marcelo Nakagawa, no site da revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, cujo título foi um acinte às minhas convicções: “Empreender não é poesia"(Ver Matéria), eis o título que me fisgou. Fui forçado a ler o conteúdo.
Eu que empreendo pela e por causa da poesia, tinha que ler e refutar todas as construções do texto, inexoravelmente. Não custou muito. Não há, no texto relação efetiva com a poesia. Apenas uma utilização da palavra como sinônimo de “romantismo” ou algo assim. De qualquer maneira, em certa medida, acredito que o próprio texto desconstrua o título. Logo no subtítulo, o ensaísta bebe de Fernando Pessoa... “Ser empreendedor é empreender a dor”. Que isso se não uma referência ao poema Mar Português?
Existem, de fato, muitos percalços, ciladas e dificuldades para quem empreende. Alertar sobre isso, creio, tenha sido a intenção do autor ao propor o texto. Contudo, estou certo, empreender é poesia pura. Gerir pessoas, construir planos, fazer pontes, perder, ganhar... Eis uma tarefa para lá de poética.
Poesia para mim não são flores, nem anjinhos em um gif animado num blog qualquer na internet. Poesia pra mim é sangue nos olhos. Nada como um pouco de poesia para nortear o pensamento, as decisões. Afinal, todo mundo que empreende quer passar além do Bojador e sabe que para isso deve passar além da dor. Empreender vale a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.
Gledson Vinícius é Empreendedor Poético e Co-fundador da Poeme-se
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